quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Camaro Amarelo ??? vamu de Fuscão Preto !!!


Hoje em dia, você pode ficar "doce igual caramelo", tirando onda de Camaro Amarelo. Pode deixar a "mulherada louca" porque não anda mais a pé e ainda canta "Vem ni mim Dodge RAM". Você pode até "esnobar", dizendo: "agora é mole, nunca me deu moral agora quer andar de Evoque".

Mas bem antes de Munhoz e MarianoIsrael NovaesLeo Rodriguez e muitos outros artistas pegarem carona no sucesso dos carros e transformá-los em hits musicais, um cantor da década de 70 colocou um dos modelos mais populares na boca do povo. Nestor de Medeiros, que você deve conhecer como Almir Rogério, gravou "Fuscão Preto" e no início dos anos 80 imortalizou o popular VW. O paulista de Tuiuti, hoje com 60 anos, ainda faz shows Brasil afora, sempre anunciado como o "Almir Rogério do Fuscão Preto". "É comum que façam sorteios do carro durante os bailões em que canto. Em novembro passado, mesmo, isso aconteceu em Fortaleza", diz.

Almir Rogério já havia trabalhado como engraxate e office-boy quando começou a carreira de cantor. Ele estava em Brasília, divulgando o novo disco e a música "Bailarina", quando ouviu em uma rádio local "Fuscão pretovocê é feito de aço, fez o meu peito em pedaço...", interpretada por Giovani e Mariel. Ele, então, arrumou uma fita cassete com a gravação e trouxe para São Paulo. Descobriu que a composição era de Jeca Mineiro e Atílio Versutti e que o intérprete Mariel havia presenciado a cena de traição que a música descreve.
Reprodução Internet
LP de Almir Rogério traz o Fuscão Preto na capa; ao lado, o cartaz do filme lançado em 1982
Sim, "Fuscão Preto" é inspirada em fatos reais. "A história é verídica e aconteceu em Serra Negra, em São Paulo. Dois pintores trabalhavam na fachada de um banco quando viram a mulher de um amigo entrar no 'Fuscapreto' com placa de uma cidade vizinha. Daí surgiu a canção", fala Almir Rogério. O sucesso foi imediato e Almir se viu obrigado a comprar vários Fuscas para cumprir compromissos. "A primeira aparição em um programa de TV foi no Bozo! Muito engraçado... E tive de comprar um Fusca às pressas. Não achei um preto, então, comprei um azul e mandei pintar", lembra. "Fuscão Preto" ficou tão famosa que virou filme com a participação da Xuxa e tudo, em 1982!

Almir fala que evitava rodar de Fusca pelas ruas, pois não gostava de chamar atenção. Mas lembra que viveu muitos fatos curiosos com o carro. Um deles durante uma apresentação. "Não me lembro em que cidade foi. Mas era um campo de futebol. Fizeram uma rampa de acesso que deixava o Fusca a quase 4 metro de altura. Eu ficava com a banda em um outro palco, paralelo. Estava cantando quando, de repente, vi a platéia levantar e fazer um 'ah'... Quando olhei, o Fusca tinha caído de bico no chão! Lamentável, mas aconteceu", recorda.

Homem é homem, menino é menino, Fusca é "Black People Car"
   Divulgação
Fusca já foi "Falcãomóvel" em duas ocasiões; e Falcão ainda gravou a versão em inglês de "Fuscão Preto"
Uma década depois do sucesso de "Fuscão Preto", o cearenseMarcondes Falcão Maia lançava seu primeiro disco: "Bonito, lindo e joiado". Entre as faixas, estava uma que ficaria imortalizada "I'm not dog no", versão inglesa de "Eu não sou cachorro, não", gravada por Waldick Soriano. Quando Falcão preparava o segundo trabalho, foi incentivado a repetir a fórmula e escolheu "Fuscão Preto", sem pestanejar. "Era uma música popular, pra cima, todo mundo cantava", diz. "A dificuldade foi traduzir 'Fuscão' inicialmente para o inglês. Achei apenas VW. Aí, vi queVolkswagen é 'carro do povo' , em alemão. Então, 'Fuscão preto' virou 'Black People Car'", explica.

Ao longo de seus 55 anos, Falcão teve dois Fusquinhas. "O primeiro 'Falcãomóvel' era um Fusca 71 amarelo cor de jumento", conta. O carro ficou famoso na faculdade de arquitetura cursada pelo artista. "Com a falta de grana do universitário, ele começou a se deteriorar de um jeito... Caiu o fundo, o assoalho, e tive de colocar umas madeiras para prender os bancos. Parecia o carro dos Flintstones!", recorda. Mas o besouro resistiu bravamente até o fim da graduação.

Depois de formado, ele partiu para "Falcãomóvel 2", que também era umFusca. "Quando lancei 'I'm not dog no' consegui pegar um 64. Era mais velho, mas estava mais conservado, todo original, com aqueles faróis pequeninhos, os retrovisores cromados", conta empolgado. Mas não demorou para o carro "avisar" que daria problema. "Um dia ele não quis sair de casa. O motor falhou e não valia a pena recuperar. Eu dizia que era um Fusca turbo... turbulento", fala. Ele vendeu o Fusquinha para um ferro-velho. Mas se sente enganado até hoje: "O cara disse que ia consertar e ficar com ele. Mas no dia seguinte, já tinha dado um fim nele", lamenta.

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